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quarta-feira, 15 de maio de 2013

ORQUESTRA DE TIANGUÁ RECEBE APOIO INTERNACIONAL NA WEB


Após manifestos nas redes sociais, a Sociedade Musical Tianguaense (Somut) ganha repercussão internacional devido à falta de verbas para funcionamento. Há 28 anos na Serra de Ibiapina, o projeto da Orquestra Filarmônica Juvenil Doutor Edvaldo Moita que trabalha com jovens carentes se encontra hoje com aluguel da sede atrasado e água e luz cortados.

Filarmônica Juvenil Doutor Edvaldo Moita funciona há 28 anos no município atendendo a jovens carentes, que estudam em escolas públicas. Projeto está ameaçado de ser extinto por conta da suspensão de repasse do dinheiro da prefeitura

Além do apoio da Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE), a orquestra tem recebido ligações de todo o País, além de empresários ingleses e escoceses, que mostram interesse no projeto. No último dia 21 de abril, a orquestra recebeu a visita do escocês Ian Wiseman, dono da empresa Steiner Music Sopros Brasil de instrumentos musicais da Inglaterra, que extasiado com o talento dos menores que fazem a Orquestra Filarmônica Dr. Edvaldo Moita doou para a entidade belos instrumentos como um sax soprano, uma flauta transversal e um trompete.

Ian tomou conhecimento da situação financeira do Somut através do blog da entidade e veio exclusivamente conhecer o projeto. Na ocasião, ele confirmou apoio ao causa e disse que pretende acompanhar a situação da instituição.

Ele voltará a Tianguá no fim do ano e continuará colaborando com a doação de instrumentos, além de trazer para o Brasil a representação as Steiner Music, da qual o Samut será parceiro de divulgação e vendas. De acordo com o maestro Ângelo Moita, o convênio de verbas com a Prefeitura de Tianguá, garantia um repasse de R$7.800,00 mensais, destinado a manutenção da Orquestra. "Após a troca de gestão, esse convênio não foi renovado por ser considerado muito caro. As tentativas de conversa com o gestor Jean Azevedo e o Secretário de Cultura do Município, Francisco Albery Nogueira Nunes, foram infrutíferas".

O maestro conta que as atividades com as crianças e adolescentes ainda não encerraram, e a meta do Somut, caso consiga novo convênio, é ter pelo menos mil alunos até o fim do ano. Com o corte de gastos, atividades como apresentações fora do Estado foram canceladas.

Resistência

"A atividade geral continua; a banda ainda funciona, porém em situações precárias. Perdemos muitos compromissos dentro e fora do Ceará, dentre eles uma apresentação em Paraíba". O suporte atual é de 200 alunos, que se revezam em turmas de 50 para as apresentações. Todos os participantes são exclusivamente alunos de escolas públicas e em sua maioria em situação de risco. Com idade média entre oito e 16 anos, eles são encaminhados à orquestras por médicos, conselheiros e raramente por familiares.

Terapia

"Por lidarmos com instrumentos de sopro, muitos médicos indicam que as crianças participem da orquestra, para exercitar o diafragma". Ele explica que a orquestra funciona como terapia, principalmente para os alunos que possuem problemas em casa. "Não é difícil encontrar um adolescente apontado por profissionais com sinais de depressão, ou que venha de uma família problemática. Não raro temos que discutir com os pais para que a criança ou adolescente continue com as atividades". Dentre os benefícios apontados por Ângelo, a recuperação de jovens que se envolviam com drogas ou viviam em ambiente propicio ao vício é um dos mais importantes para o maestro.

Grande parte de seus antigos alunos se encontram hoje formados em diversas áreas. "Dou aulas em comunidades realmente muito carentes, os riscos que meus alunos encontram são imensos, e a música os ajuda a ter uma perspectiva melhor de vida. Hoje tenho ex-alunos que são engenheiros, advogados e inclusive a maior parte dos professores da rede pública de ensino local. Todos apontam a filosofia do Somut como o modelo que eles usaram para seguir na vida", conta.

Tendo se dedicado ao projeto desde o final de sua faculdade, em 1981, Ângelo afirma que se encontra completamente desgostoso com o descaso do Poder Público Municipal. Ele conta que já tocou para personalidades como o Papa João Paulo II e Ayrton Senna, e considera a música como a oportunidade de muitos jovens avançarem na vida. "Esse projeto é minha vida, minha família. Os adolescentes que participam dele deixam de se envolver com drogas e criminalidade, e a falta de apoio para continuar me deixa doente de desgosto", se emociona.

Maestro Martins

Ele conta que o maestro João Carlos Martins também ligou quando ouviu falar da situação e declarou apoio ao pedido da OAB. "O maestro João Carlos afirmou que essa luta também era dele. Temos uma história muito longa para terminar assim", recorda. A reportagem tentou entrar em contato com o prefeito e secretário de Cultura do município. Não houve resposta até o fechamento da edição.

Fonte: Site do Diário do Nordeste

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